domingo, 4 de abril de 2010


E escuta o mar,o vento, as aves e os animais no mato e ouve a toada do seu coração..p

orvezes o oceano,em tons turquesa,esmeralda,água marinha,parece convidá-la a ousar..e

todavia existem pormenores que conspiram para que ela recuse esse chamamento,o desenho das nuvens,a forma de uma concha mais brilhante na areia molhada,o foco do farol,o voo das gaivotas..n

a alma, a imagem ambígua de um homem que amara,amara tanto,nas suas ansiedades obsessivas,nas suas dúvidas roucas,no desamparo com que ele se aninhava nos seus braços depois de horas de discurso concêntrico..falta pouco para a partida do seu amado,l

evanta-se e pensa no dia seguinte,que apesar de ter perdido fome e sono,é necessário “ir vivendo”..o

lha a TV,sempre desligada, e para o seu peluche..s

egurando o bloco,desenha uma boneca sorridente,com laços enormes nos cabelos e um ramo de flores nas mãos..s

uspirando, retira de um saco o seu telemóvel para ver se lá tinha alguma mensagem dele,mas nada..

amanhece,deita-se um pouco no sofá e adormece sonhando com uma criança inexistente cujo sorriso se parece com o dele..a

o levantar-se,tira do armário uma caixa azul de cartão e respira fundo..faltam poucos dias para a partida,e nesse instante descobre-se,sorrindo timidamente,numa serenidade nova..l

iga a TV,e brutais imagens de incêndios no seu país interpelaram-na violentamente..vê a dor resignada do seu povo,vê o medo,vê a destruição..d

urante os dias em que se retirara do mundo tantos dramas tocaram as pessoas e ela,obstinada,na sua altivez trágica,trancara a alma a qualquer ruído ''mais distante''..e

lembra-se de si própria,d

o seu rosto,d

e que tem braços para embalar,m

ãos para acariciar,v

oz para partilhar vivências e sonhos,e

que a sua força é vital para si e para quem ama,v

este uma camisa de noite branca e,já adormecida repete o gesto tantas vezes desenhado o braço dirigido para a almofada ao lado da sua,a mão estendida, os dedos flectidos,procurando o rosto dele..e estremece quando se descobre só..mas,numa voz subitamente enluarada murmura um excerto de uma canção:"Depois de te perder te encontro com certeza talvez num tempo da delicadeza onde não diremos nada,nada aconteceu apenas seguirei como um encantada''

sorri e adormece









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